Caravana de Futsal Masculino: sob o olhar do Anjo de Pernas Tortas, a bola dançou no Ibirapuera

No CE Ibirapuera Mané Garrincha, o domingo começou com o som sagrado do futsal: bola batendo na parede, chute seco na trave e o rangido dos tênis cortando o piso. A quadra parecia pequena demais pra tanta vontade e o clima era de decisão,  daqueles que fazem o coração bater no ritmo do cronômetro.

O ambiente estava daquele jeito que só o futsal sabe criar: cheiro de resina, apito cortando o ar e arquibancada pulsando. E tinha motivo: era dia de Caravana. Dia de ver o futsal do povo transformar o ginásio em espetáculo.

Sob o olhar simbólico de Garrincha, o anjo que nunca precisou de simetria para encantar, os times mostraram o que São Paulo tem de melhor: talento, improviso e coragem de jogar bonito mesmo na pressão. 

O Ibirapuera virou templo. E quem entrou em quadra entendeu o recado: aqui não é só sobre vencer, e sim, sobre driblar o destino, tabelar com a sorte e sair jogando com fé.

Quatro partidas, quatro histórias e um só sentimento: o futsal segue vivo, bonito e cheio de ginga. Porque o nome do ginásio já avisa… aqui, ninguém joga reto. É arte em espaço curto, é alma em cada toque.

Vem com a gente e confere o resumo de cada partida.

Família Razante do Morro 3 x 4 Estrela Negra F.S. – A estrela brilhou mais forte

Logo no primeiro jogo, o Estrela Negra e o Família Razante mostraram o que é jogo de quartas de final: nervos à flor da pele, goleiro pegando até pensamento e muito grito vindo do banco.

O primeiro tempo foi igual ao churrasco de domingo: pegado, barulhento e cheio de faísca. Tudo empatado em 1×1, com os dois goleiros salvando o placar. Mas na volta do intervalo, o Estrela fez o que o futsal exige: velocidade e precisão. Gol antes do cronômetro marcar um minuto.

O Razante, guerreiro, não se entregou. Buscou o empate, colocou goleiro-linha, pressionou e foi aí que o castigo veio. Em um vacilo, bola roubada, chute de longe, goleiro fora do gol… e a rede balançou.

Placar final: 4×3 pro Estrela Negra. Classificação garantida. Goleiros gigantes, briga na bola, raça até o último segundo. Um jogão pra quem gosta de futsal de verdade.

V.Q.V. Futsal 5 x 2 Só o Pó – A virada do “Vem Que Vem”

A segunda partida parecia filme repetido: Só o Pó começou tinindo, dois golaços logo de cara, direito a gol de letra e até tentativa de gol de goleiro. O V.Q.V. parecia perdido, o técnico já gesticulava, o banco gritava… Mas o futsal é coração e ajuste fino e o intervalo fez milagre.

Veio o segundo tempo e, com ele, o show de Tetéia, camisa 2. O homem estava inspirado. Quatro gols, movimentação de craque, bola colada no pé. O V.Q.V. virou o jogo em ritmo de pagode e não olhou para trás.

No final, 5×2 no placar e vaga na semifinal carimbada. Thiago Lima e Tetéia comandaram o baile e mostraram que quem vem de trás, vem pra vencer.

Elite Futsal 1 x 4 Fé em Deus F.S. – “Joga que Ele abençoa”

Se tem time com nome profético, é esse. O Fé em Deus entrou em quadra parecendo ter bênção exclusiva no passe. Dois gols logo de cara e um futsal redondo, leve e preciso.

O Elite tentou reagir, colocou goleiro-linha, ensaiou pressão, mas o goleiro do Fé em Deus tava numa fase iluminada e defendeu até sombra. E quando o adversário cansou, veio o castigo clássico: quem não faz, toma.

Alan, camisa 6, pegou fogo. Dois gols seguidos, um deles de fora da área, e fim de papo: 4×1. O Elite ainda marcou um de honra, mas a vitória já tinha dono. Festa nas arquibancadas e muita fé no futsal.


Trem Bala 6 x 1 Faixa Azul – A locomotiva passou

Fechando o dia, o Trem Bala entrou acelerado e não tirou o pé nem por um segundo. Primeiro tempo já com o motor quente, gol rápido e pressão total.

O Faixa Azul até tentou equilibrar com o goleiro-linha, mas o time parecia estar jogando contra um trem descarrilado. Nenê deixou dois, Pedrinho completou o hat-trick e virou o maquinista do jogo.

Placar final: 6×1, show coletivo e confiança lá em cima pra próxima fase. O Trem Bala passou, e quem ficou no caminho sentiu o impacto.


Conclusão

Debaixo das arquibancadas do Ibirapuera, o som das bolas ecoava como batida de tambor. Era futsal de raiz, de quadra pequena e emoção grande. Quatro jogos, quatro histórias, quatro jeitos diferentes de vencer.

Estrela Negra brilhou na pressão, V.Q.V. deu aula de superação, Fé em Deus mostrou leveza abençoada e o Trem Bala provou que potência também é estratégia.

No fim, o ginásio respirava gratidão, e talvez, lá de cima, o anjo de pernas tortas olhasse sorrindo: porque o futsal arte ainda vive, e a bola segue dançando no compasso do povo.