Dia de Guerreiras

Domingo, dia 28 de abril de 2024, para algumas pessoas apenas um dia normal com a família, para outras dia de trabalhar normalmente, mas para elas essa data é especial. Não por só de se tratar da final do primeiro campeonato feminino de futebol nos jogos da cidade. Isso por si só já é maravilhoso. Mas pelo simples fato de acordar em lugar especial e um cenário bem diferente do habitual.

Sabe aquele sonho de todos os amantes do futebol têm? De ser profissional? Então elas também têm. Só que as oportunidades não são tantas assim. O natural são elas cuidarem por conta própria, rateio, rifa, uniforme, empresta chuteira, acha meião, local para jogar, a realidade na maioria das vezes tem sido assim, as oportunidades são criadas por elas, Porém,  quando a engrenagem muda e alguém diz; “Esse fim de semana vocês não tem que se preocupar com nada, se importem apenas em jogar futebol e  se divertirem.”  E o esporte que ao mesmo tempo que é tão inclusivo também é cruel e machistas às vezes, mas não hoje, não nesta história e nem nessa crônica. 

Mas voltamos ao sonho, o filme passa na cabeça delas assim que acordam, e começa a comparar o que faziam sempre. “Como vou para o jogo? caronas? Transporte público? A pé?  Será que dá para comer alguma coisa? Levo lanche? Sim, quando você tem sequelas de uma vida difícil é impossível não comparar.

“Hoje me senti acolhida, é uma felicidade poder estar aqui”,  “Tenho 42 anos, sempre joguei bola e pensei que a chance de viver essa experiência já tinha passado” São declarações de duas jogadores, que tiveram um dia de preparação.  Jantar com ídolos do esporte, referência e mais que isso concentrar em um hotel, descansar para o dia da decisão que finalmente chegou.

Elas sabem que essa oportunidade é rara e pretendem agradecer com bola, e foi exatamente isso que aconteceu.

No evento organizado pela prefeitura de São Paulo e pela Secretaria de Esporte e lazer, e contou com centenas de times, entre eles os dois finalistas, de um lado Coroa, do outro Brasília, duas grandes equipes que recebem mulheres de todas as idades para a prática esportiva. 

E a decisão foi a altura dos grandes torneios nacionais, Estádio Centenário, Nicolau Alayon, casa do Nacional, um dos times mais tradicionais da Capital, recebeu essa festa.  A torcida compareceu, assim como a equipe de tv, repórteres, jornalistas, influenciadores, fotógrafos, pessoal da ambulância, jogadora profissional, craque da Seleção Brasileira Feminina, e um penta campeão do mundo marcaram presença para acompanhar a decisão e prestigiarem esse futebol feminino que começa a crescer a cada dia.

O Sol está forte, não tanto quanto a vontade delas de demonstrar o agradecimento pelo carinho com a bola rolando. O primeiro tempo o Brasília foi muito melhor, dominou, mas não conseguiu marcar, o primeiro tempo acabou em 0 a 0.  Já no segundo tempo o time do Coroa melhorou, mas ainda no início sofreram o gol.

Mas se toda a preparação até ali era para jogo grande, o jogo não poderia decepcionar, Coroa tirou força do peito, uma garra e um coração para buscar esse empate e não sair derrotado.  melhorou criou algumas jogadas e foi buscar o empate em uma cobrança de falta. A partir daí vivemos o esporte no seu máximo, na emoção, explosão, técnica, vontade, perder não estava no roteiro, tanto que o tempo normal terminou no empate em 1 a 1. Com empate a decisão foi para os pênaltis. 

Se o jogo estava emocionante, ficou ainda mais, destaques para as duas goleiras, mas em especial para Catarina que pegou duas cobranças e converteu o seu marcando o gol do título para o Coroa. Eleita a melhor jogadora da competição ela não escondeu a satisfação deste dia, e disse que se sentiu acolhida pela organização. “Hoje é um dia muito especial para mim, não só pelo título, mas também por tudo que foi feito para gente, obrigado por apoia o futebol feminino, por cultivar sonhos, hoje o meio foi realizado.”

Apesar do título do Coroa, não houve derrotados nesse dia. Como disse em cima, perder não estava no roteiro.  Sorriso, alegria, inclusão, solidariedade, respeito, amizade o esporte representa tanto e é tão bom quando o poder público faz a sua parte e todos vencem! Viva o futebol.