Caravana de Futebol Feminino: o campo é delas, o espetáculo também

O sábado amanheceu com cheiro de grama molhada e som de apito ecoando entre as casas da Vila Cisper. A cada passo em direção ao C.D.C Areão, dava pra sentir que o dia não era só de futebol…era de afirmação. Porque quando as mulheres entram em campo, o jogo ganha outra temperatura.

Foi dia de Caravana e quem foi prestigiar sabe: a energia era diferente. As jogadoras não só calçaram chuteiras, elas calçaram histórias. Entraram para disputar vaga, mas entregaram representatividade, força, respeito e o tipo de comprometimento que você só sente no futebol feminino. De quem joga por amor e por espaço.

O início da fase municipal trouxe o que há de mais bonito no esporte: talento, garra e o som das torcidas misturado ao orgulho de ver o campo tomado por elas. Porque se o futebol da quebrada é raiz, o delas é raiz com flor. E nesse sábado, a cidade inteira foi testemunha de um espetáculo que foi além do placar.

Falcões Feminino 3 x 0 Conspirô – o voo das Falconets

O primeiro jogo do dia colocou frente a frente as Falcões Feminino, conhecidas como “Falconets”, e as guerreiras do Conspirô. A bola rolou e o time de Itaim Paulista tratou de mostrar serviço. Organizadas, disciplinadas e com Milena em uma tarde inspirada, as Falconets voaram alto.

O primeiro gol saiu com um chutaço de fora da área, rasteiro e preciso, daqueles que nem a goleira alcança. Depois, Milena apareceu de novo, aproveitando o espaço deixado pela defesa e ampliando. O Conspirô ainda tentou reagir, com boas defesas da goleira Rabi, mas a pressão adversária era constante.


No segundo tempo, o Conspirô tentou sair do campo de defesa, buscou jogadas pelas laterais, mas o ritmo das Falconets era intenso. Veio o terceiro gol, e com ele, a confirmação de uma vitória sólida: 3 a 0 e moral elevada na fase municipal. Um jogo que pode não ter sido o mais emocionante em lances, mas foi impecável em postura daquelas vitórias que mostram quem veio pra ficar.

Coroa F.C. 3 x 0 Helenense F.C. – quando o jogo vira reinado

Na sequência, Itaquera contra Itaquera. Duas forças da Zona Leste em campo: Coroa F.C. e Helenense F.C. O primeiro tempo foi de estudo, marcação alta e poucos espaços. O jogo preso no meio, muito toque e respeito mútuo. Mas, no segundo tempo, o Coroa decidiu transformar o equilíbrio em domínio.

E o roteiro virou poesia: Natália, camisa dez de quem pensa e decide, abriu o placar com um golaço por entre as pernas da goleira. Giovana seguiu a trilha, driblando e chutando firme para o segundo gol. E pra fechar com chave de ouro, Adriana marcou um por cobertura, aquela pintura digna de replay.

O Helenense lutou até o fim, com boas chegadas de Mamá e Alícia, mas o Coroa se impôs como quem sabe o próprio destino. O time jogou com entrosamento, vibração e liderança. Como disse uma das torcedoras na arquibancada: “elas não jogam, elas desfilam jogando”. E não é exagero.


Conclusão

A Caravana do Futebol Feminino foi mais que uma rodada de classificação. Foi um manifesto silencioso e potente. Um lembrete de que o futebol é território de todas.

As Falconets mostraram método e coletividade. O Coroa, elegância e precisão. E juntas, elas provaram que técnica e emoção não são opostos, são dupla de ataque.

No C.D.C Areão, o gol virou símbolo e o campo, palco. Cada chute foi uma linha escrita na história das comunidades e na história das mulheres que transformam o esporte em espelho.

O futebol feminino nos Jogos da Cidade não é só parte da competição. É parte da história. E esse capítulo, acredite, está só começando.