Domingo de céu cinzento, vento frio e aquela cara típica de fim de inverno na Zona Norte de São Paulo. Mas quem vive a várzea sabe: se o clima esfria, a bola esquenta. E no CDC Lauro Megale, no Parque Novo Mundo, a Caravana de Futebol Masculino colocou em campo histórias de garra, frustração e superação em mais uma rodada da fase de grupos dos Jogos da Cidade.
Torcida na grade, batuque ecoando, jogadores se aquecendo e até criança correndo atrás da bola nos intervalos. O futebol amador tem esse charme: não é só resultado, é pertencimento. E naquela tarde de 24 de agosto, cada jogo foi um capítulo diferente da crônica da quebrada.
Senta aí que lá vem a resenha da Caravana.
Rua 1 Futebol e Funk 0 x 0 A. Chavantes F.C. – A despedida sem gols
O primeiro duelo do dia não foi dos mais empolgantes. Já eliminados, Rua 1 Futebol e Funk e Chavantes F.C. entraram em campo para honrar a camisa, mas a bola pareceu não querer colaborar. O jogo teve marcação forte, passes errados em excesso e poucas finalizações de perigo.
Se o primeiro tempo foi truncado, o segundo teve um leve sopro de melhora. As equipes até conseguiram criar mais, arriscaram chutes de fora, mas esbarraram sempre na falta de precisão. No fim, o 0 a 0 estampou a realidade: vontade não faltou, mas futebol vistoso não apareceu. Foi o adeus melancólico de dois times que mostraram raça, mas não conseguiram avançar.
A.D. São Francisco 2 x 0 Unidos da 70 – Controle do início ao fim
Se o primeiro jogo foi morno, o segundo ferveu. O São Francisco entrou com intensidade máxima, tomando conta do meio-campo e sufocando o Unidos da 70. A recompensa veio aos 22 minutos: Guilherme abriu o placar em uma jogada trabalhada pela esquerda.
No segundo tempo, o Unidos até tentou reagir, apostando em bolas paradas e lançamentos longos. Mas parecia desconectado, lento, sem a mesma energia. O São Francisco seguiu criando chances, desperdiçando algumas, até que nos acréscimos Aldo fechou o caixão: 2 a 0, vitória justa e vaga encaminhada.
Destaques da partida: Messias, incansável na marcação e o goleiro Bruno, seguro quando exigido.
Bronks F.C. 3 x 1 E.C. Gardenal – Eficiência contra posse de bola
O terceiro jogo teve todos os temperos de uma boa partida de várzea. O Bronks F.C. abriu o placar cedo, aproveitando a velocidade do ataque. O Gardenal, por outro lado, respondeu com posse de bola e paciência, até empatar em uma bela troca de passes.
Mas o Bronks não se abateu. Recuperou a frente no marcador em jogada ensaiada de bola parada e segurou o resultado. O segundo tempo foi pressão do Gardenal, que parecia mais organizado e criava volume de jogo. Só que futebol não é só posse: nos acréscimos, o Bronks encaixou um contra-ataque fatal e matou o jogo em 3 a 1.
Foi vitória na eficiência, enquanto o Gardenal saiu de cabeça erguida pela entrega e pela luta até o apito final.
Cerejeiras Futebol e Resenha 4 x 0 5 Eskina F.C. – Goleada e jogo encerrado antes do tempo
Encerrando a rodada, o Cerejeiras mostrou força contra o 5 Eskina, que entrou em campo desfalcado e terminou ainda mais fragilizado. O time Resenha impôs seu jogo desde o início, marcou dois gols no primeiro tempo e voltou para a segunda etapa com a mesma intensidade.
Com menos jogadores, o 5 Eskina não conseguiu segurar. Vieram mais dois gols do Cerejeiras, mas a partida acabou antes dos 60 minutos: lesões reduziram ainda mais o elenco do Eskina, obrigando o árbitro a encerrar.
Placar final: 4 a 0 e classificação carimbada para o Cerejeiras, que mostrou organização, intensidade e respeito ao adversário, sem diminuir o ritmo. Destaque absoluto para Lóvinho, motor ofensivo do time.
A Caravana segue escrevendo histórias
A tarde no C.D.C Lauro Megale mostrou os dois lados do futebol comunitário: de um 0 a 0 apagado à emoção de vitórias convincentes e goleadas que embalaram torcidas. Teve organização, teve raça e até jogo encerrado antes da hora. Mas, acima de tudo, teve o espírito dos Jogos da Cidade: rivalidade dentro das quatro linhas, respeito após o apito final e a certeza de que cada rodada é um novo capítulo na história do maior torneio amador de São Paulo.
