Era mais que uma final. Era o encontro de duas trajetórias que nasceram nos campos de várzea das subprefeituras da capital paulista e cruzaram toda a cidade com talento, suor e superação. De um lado, a Sociedade Esportiva Sem Clube, do Capão Redondo, campeão da subprefeitura do Campo Limpo. Do outro, a AA Sem Brincadeira FC, de Perus/Anhanguera. Dois times que começaram sua jornada como tantos outros: jogando por amor, representando a comunidade, o escudo e os amigos.
Passaram pelas seletivas da fase regional. Superaram adversários nas oitavas. Venceram jogos duros nas quartas. Suaram frio nas semifinais. E, quando parecia que já haviam vivido de tudo nos Jogos da Cidade, receberam a notícia: a final seria no estádio símbolo da Cidade de São Paulo.
Sim, na lendária Mercado Livre Arena – Pacaembu. Palco de glórias eternas. E mais: com arbitragem profissional comandada por Edina Alves Batista, uma das melhores do mundo. E presenças ilustres que honram o futebol de várzea e profissional: Danilo, o Zidanilo das Libertadores; e Souza, o eterno camisa 8 do São Paulo, que retornaram às origens para viver a festa do futebol de quebrada.
No meio de tantas estrelas, os protagonistas da tarde foram os atletas. Porque ali, naquele sábado de céu aberto e torcida animada, era a vez deles. E eles entregaram tudo.
Um duelo equilibrado, com emoção até o último chute

O jogo começou com a S.E. Sem Clube mostrando as credenciais. Desde os primeiros minutos, a equipe impôs um ritmo forte, marcando alto e pressionando. O destaque era Binho que criou jogadas pela esquerda, pedalou, arriscou chutes e exigiu grandes defesas de Gabriel, goleiro do Sem Brincadeira.
Mas se o Sem Clube era volume e intensidade, o Sem Brincadeira era resistência e inteligência tática. Após sentir a pressão inicial, ajustou o meio-campo, começou a encaixar as marcações e equilibrou a partida. Vini, em especial, levou perigo em várias bolas paradas, mostrando que seu pé direito merecia respeito.
O segundo tempo foi mais truncado. O cansaço apareceu. As faltas aumentaram. As chances diminuíram. O jogo virou uma batalha física e mental. Mesmo com a expulsão de Jorge, o Sem Clube segurou firme. E mesmo com oportunidades nos pés de Kelvin e Vitão, o Sem Brincadeira não conseguiu transformar em gol. Com o 0x0 persistente, a decisão foi para os pênaltis.
Nos pênaltis, brilhou a estrela de Bruno!

Se todo time sonha com um heroi na final, a S.E. Sem Clube encontrou o seu embaixo das traves. Bruno, o goleiro, defendeu uma das cobranças e foi decisivo. Na última batida, Binho teve a responsabilidade. E não desperdiçou.
Com categoria, deslocou Gabriel, correu para a torcida e soltou o grito que ecoou pela Mercado Livre Arena Pacaembu:
“É CAMPEÃO!”
O placar final foi 4×2 nos pênaltis, consagrando a S.E. Sem Clube como a campeã da edição 2024 dos Jogos da Cidade de São Paulo.
Mais do que um título, uma celebração do futebol que transforma

A final foi um espetáculo de organização, respeito ao jogo e valorização do futebol periférico. Dentro de campo, duas equipes que honraram suas camisas com garra, técnica e respeito. Fora dele, um público vibrante, a presença de ídolos e uma arbitragem exemplar deram o tom de profissionalismo e emoção.
Parabéns à S.E. Sem Clube pela conquista histórica. E parabéns à AA Sem Brincadeira FC, vice-campeã que mostrou futebol de gente grande e fez por merecer cada aplauso.
E que venha a edição de 2025. Porque os Jogos da Cidade não são apenas um campeonato. São um movimento. São a prova de que o futebol pulsa nas quebradas — e que sonhos nascem onde se joga com o coração.